22.4.10

Roma, 22 de abril de 2010, quinta-feira



Via Appia Antica

Dando seguimento ao plano de explorar Roma, fui ontem conhecer a Via Appia Antica. Eu tinha ido lá há umas semanas com a Tati, mas fomos de carro e nao conseguimos ficar muito tempo porque levamos muitas horas nos perdendo pela cidade...

Ontem fui de ônibus, bem rápido e prático.

A Via Appia Antica era simplesmente a principal rua da Roma Antiga. Por ali, passavam as legiões de soldados e mercadores em direção ao Mediterrâneo.

Ali também, supostamente, ocorreu a estória que ficou famosa como "Quo Vadis?"

Diz a estória que (São) Pedro passava por ali, depois de ter sido convencido pelos seus amigos a fugir de Roma e evitar o martírio. No caminho, ele teria visto Jesus, que já tinha sido crucificado, morto, ressuscitado e tudo mais. Ele teria então perguntado a Jesus: "Quo Vadis?", ou seja "Onde vais?". E Jesus respondeu: "Vou a Roma onde serei novamente crucificado". E depois ele subiu aos céus. (São) Pedro então entendeu que deveria retornar a Roma e enfrentar o seu destino, e lá foi morto.
A pedra onde teriam ficado marcados os pés de Jesus está na Igreja de San Sebastiano, a qual eu visitei. Claro que existem muitas dúvidas se realmente se tratam dos pés de JC, mas isso não deve importar a quem vai até ali.

A minha dúvida: se eu encontrasse o meu mestre que retornou do mundo dos mortos, será que eu não pensaria em uma pergunta melhor para fazer?

Elocubrações religioso-filosóficas à parte, a Via Appia é um lugar realmente especial. Ém torno da rua estão muros milenares, tumbas, catacumbas, casas antiquíssimas, ruínas, jardins, e casas de muita gente muito rica que mora ali. Aliás, segundo me informaram, esse é o único motivo pelo qual ainda é permitido o tráfego (intenso) de carros - os poderosos moradores não permitiram que se fechasse a rua.

Eu sinceramente acho um absurdo. É um lugar de interesse histórico enorme mas que é quase impossível de visitar porque simplesmente há risco de morte. Não tem calçada para os pedestres, o espaço para caminhar é minúsculo, e os carros passam a velocidades italianas (mais de 80km/h).

Claro que isso não me impediu de apreciar o lugar. Visitei a tumba de Cecília Mettela, que era um túmulo de uma família rica da Roma Antiga. É bonito, mas nada de mais.

tumba de Cecilia Metella
tumba de Cecilia Metella

O que vale mesmo a pena é caminhar pela Via. Tirei várias fotos do lugar, embora ainda fosse no meio da tarde e a luz ainda muito forte, dá pra ter uma idéia do que é.
juro que não "plantei" essa pinha, ela já estava ali compondo a cena...

Vejam o tamanho da "calçada"

Andar em Roma é assim: a gente vê ruínas e não sabe nem do que se trata

Uma casa..
Um portão...

Um banco...

Eu na frente de uma ex-guarita,
onde os soldados romanos controlavam quem passava pela Via Appia

Depois fui visitar as Catacumbas de São Sebastião. Valeu totalmente a pena os 8€ do ingresso.

Ali embaixo existem 12km de túneis subterrâneos onde está o maior cemitério da Roma Antiga. Embora sejam chamados de cemitérios cristãos, nas catacumbas eram enterrados cristãos, judeus e pagãos (os pagãos ricos, porque os pobres tinham o costume de cremar seus mortos), em espécies de gavetas nas paredes, bem parecido com o que fazemos hoje... Inclusive São Sebastião está enterrado ali, em um dos únicos espaços que foram alterados posteriormente (fizeram uma espécie de capela no lugar onde ele foi enterrado).

Os cemitérios eram construídos sob a terra porque em Roma era proibido fazer cemitérios em função da falta de espaço. A alternativa subterrânea era muito boa porque a pedra que está embaixo da cidade é uma pedra vulcânica muito macia e fácil de escavar.

É uma sensação muito louca entrar em um cemitério subterrâneo. A umidade, a escuridão... E toda aquela História, aquelas histórias, ali, empilhadas...

Achei muito interessante que, segundo o guia, foi ali que nasceu a palavra "catacumba". A palavra tem origem grega e significa "sob a caverna". Isso porque existia uma caverna ao lado do cemitério, embaixo da qual foram construídos 3 mausoléus de famílias ricas de Roma. Estes estão conservados até hoje, desde o século I, com todos os tijolos e afrescos originais. E depois, o termo "catacumba" foi estendido ao cemitério subterrâneo, e, mais tarde, a todos os cemitérios do gênero. Até chegar nas Catacumbas do CEUE foi uma longe história...

Não tirei fotos porque não era permitido, mas o google encontrou estas.

Cemitério subterrâneo - foto da internet
Mausoléu sob a catacumba - foto da internet

E como não poderia deixar de ser, tudo isso foi soterrado muitos anos depois e construíram em cima uma Igreja. Um hábito recorrente da Igreja Católica, ao que me consta. Em Cusco (Peru) eles também gostavam de construir igrejas em cima dos templos incas.

A Igreja que está em cima é a Igreja de São Sebastião (por motivos óbvios). Foi construída pela família Farnese - quem está lendo o blog já sabe quem eles são. Ali está a tal pedra que eu falei antes (Quo Vadis), e a última escultura de Bernini, o "Cristo".

Agradecimentos à menina que estava ali compondo a foto.

Depois ainda tive fôlego pra caminhar mais uns trocentos quilômetros no Parco della Caffarella, um parque despretensioso mas muito bonitinho. Realmente preciso confessar que estou me divertindo muito em tirar fotos, ainda mais com as duas câmeras (analógica e digital), me sinto uma fotógrafa profissional... :-)


Tirei a foto PB e colorida, mas não consigo decidir qual é mais bonita



Parco della Caffarella



Parco della Caffarella


Parco della Caffarella - outra ruína não identificada
Parco della Caffarella - ciclistas

Parco della Caffarella - ovelhas (!)


Parco della Caffarella - cachorros não lêem avisos
  
É isso por hoje. Aos que querem notícias nossas, estamos bem, com saúde e alegria. O Lucas manda saudações.
Hoje vamos ver um show grátis no Circo Mássimo, organizado pela National Geographic em homenagem ao dia da Terra (Earth Day).
Salvem o planeta. Vejam que ele é realmente muito lindo... :-)

Um comentário:

  1. Olá! Muito lindo seu texto.
    Só pra te intrigar um pouquinho... sobre a sua dúvida: "se eu encontrasse o meu mestre que retornou do mundo dos mortos, será que eu não pensaria em uma pergunta melhor para fazer?"
    E se vc estivesse só no caminho, encontrasse com um homem qquer e só percebesse que era teu mestre após a resposta que Ele te desse??? p.s. não estou dizendo q a es(his)toria seja ou nao verdadeira... mas acredito que foi isso o que esse texto quis dizer. Patricia

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