31.5.10

Roma, 31 de maio de 2010 – segunda-feira
Fazem mais de vinte dias que não escrevo nada, e neste tempo fui para Londres, Colônia e Berlim. Ou seja, teria toneladas de coisas para contar... Digo “teria” porque vou resumir um bocado a história, caso contrário corro o risco de ninguém ler o texto e só aproveitarem o blog como um álbum de fotos (o que é bem provável que muita gente faça).
Primeiro, uma semi-novidade: muitos já sabem, mas dia 10 de junho volto ao Brasil. Inicialmente eu tinha um plano de ficar aqui mais um tempo, ilegal, e voltar para o Brasil só na metade de julho pra fazer o visto pra Portugal. Mas depois eu e o Lucas pensamos melhor e decidimos que não vale a pena arriscar a cabeça por pouca coisa. Então antecipei a passagem e vou voltar no dia em que expira o meu tempo aqui.
Estamos tristes porque sabemos que vamos ficar um bom tempo separados, no mínimo três meses, e depois, quando eu estiver em Portugal, vamos nos ver esporadicamente. Mas já sabíamos que tudo isso poderia acontecer. Apostamos que haveria uma facilidade maior na burocracia italiana, e nos deparamos com prazos longos e processos complicados. Agora, resta seguir a lei e usar bastante o skype.
Bom, vamos a LONDRES.
Fiquei uma semana em Londres, um tempo ótimo pra conhecer bem a cidade. Fiquei na casa do Mau (irmão do Lucas) e da Karen (esposa dele), que nos receberam super bem. Eles moram em Islington, um bairro muito fofo e com vários restaurantes legais. Pena que esqueci de tirar uma foto da casa deles.
Cheguei na segunda, e na quinta o Lucas foi pra lá também e ficou até domingo. No tempo que fiquei sozinha, aproveitei mais pra ir a museus. O primeiro foi o Tate Modern, incrível museu de arte moderna e contemporânea que fica do outro lado da Millenium Bridge. Peguei o audioguide, que é um aparelho de áudio individual, alugado pelos museus, em que há explicação para as obras. Em vários museus é uma chatice, mas no Tate Modern era muito bom, e me ajudou muito a entender as obras e o contexto delas. Basicamente fiquei um dia inteiro lá, das 10 às 18h, e valeu a pena cada minuto. Recomendo totalmente. Fui também no British Museum, belíssimo museu arqueológico, em que estão alguns dos maiores tesouros da humanidade.E ainda na National Gallery e National Portrait Gallery, e junto com o Lucas e o Mau fomos no Natural History Museum.
Millenium Bridge

Millenium Bridge

Tate Modern

British Museum
Mas o mais incrível mesmo de Londres é caminhar pelas ruas, ver as pessoas e ver o que está acontecendo, parece que antes do que em qualquer outros lugares. Vanguarda da vanguarda. A moda é muito divertida, muito louca. Se tu não vê mais muitos punks como há uns anos atrás (na Londres que eu sonhava em ir), agora tu vê gente com roupas ainda mais loucas. Desde gente fantasiada (com vestidos vitorianos, roupas melindrosas ou estilo “cosplay”), mulheres com mini-minissaias e saltos vertiginosos, até gente muito bem vestida que parece que saiu da capa da Vogue, com as últimas tendências. Roupa que a gente não usa, basicamente. Incrível.
Claro que me deu uma “febre” de consumo e me deu vontade de comprar tudo. Fomos um dia pra Camden Town, na feira mais descolada, eu quase tive um piripaque. Mas consegui me controlar bem até, e só comprei algumas coisas bem pechinchadas.
Picadilly Circus, Soho, Leicester Square, Covent Garden, Notting Hill (Portobello Road), Chinatown, Trafalgar Square... Tudo muito incrível. O único problema é que em Londres eu perdi um pouco o desespero por tirar fotos (acho que substituí pela vontade de fazer compras) e o resultado é que eu tenho poucas fotos pra mostrar. Mas, acreditem em mim, é incrível.

Um ônibus!

Um táxi!

Sim, você está em Londres!....
Já o lado mais clássico de Londres – London Bridge, Tower Bridge, Parlamento e Big Ben – também achei muito bonito e divertido. Sempre me lembrava da Mary Poppins, e me dava vontade de tomar chá (de preferência no teto). São dois lados de Londres (a vanguarda e o arquitradicional) que dão um charme todo especial, na minha opinião, principalmente por estarem ali, juntos.

Tower Bridge

London Bridge

 
Trafalgar Square

Trafalgar Square

Thames

eu e Lucas

Mau e Lucas

 na beira do Thames
O elefante é a nova vaca

 London's Eye

Parlamento e Big Ben

London's Eye


Lucas, Karen e Mau na frente da London's Eye

 London's Eye

 Jardim da ordem dos Templários

 Tomando café da Starbucks!

Esquilo no Hyde Park
 
The good life - Hyde Park

Pensadores - Hyde Park

Londres, bem resumidamente foi isso.. Agora... Deutschland!!
Por dica da minha amiga Manoela (valeu!), fui primeiro pra Köln (Colônia) antes de ir pra Berlim, que além de ser a cidade onde nasceu a água-de-colônia (que cheirei e nem achei boa), é uma cidade deliciosa. Tive a sorte de pegar um bed&breakfast muito bom, quase inacreditavelmente bom, e ainda por cima barato. Os donos da casa eram Viktor & Son, um casal gay, parte russo e parte vietnamita, que foram os melhores anfitriões que eu já tive em qualquer estabelecimento comercial. Eu me sentiria em casa, se a minha casa fosse bonita, bem decorada, mais limpa que um consultório de dentista e cheia de comida de graça. Sério, era muito bom mesmo. Qualquer pessoa que por acaso um dia vá pra essa cidade procure o Bermuda Triangle B no hostelworld, e não irá se arrepender.
Só isso já fez eu adorar o lugar. Mas, ainda por cima, a cidade é muuuiito bonita e eu me diverti muito, mesmo estando sozinha. Primeira parada turística óbvia foi o DOM, a catedral de Colônia que é tipo uma monstruosidade de tão grande. É linda. Eu subi até lá em cima (500 e tantos degraus), a vista é muito boa, pena que tem uma grade que prejudica um pouco a visão.

 Dom – Colônia

Dom – Colônia

Dom – Colônia

 vista de Colonia de cima do Dom


 vista de Colonia de cima do Dom
Quase todas as catedrais que eu já vi até agora tinham vitrais, todos muito lindos, em geral contando a vida de Cristo ou de algum santo. Mas essa catedral me supreendeu porque tinha um vitral feito por ninguém menos que o Gerard Richter, que é um artista contemporâneo que eu virei fã desde que vi uma mostra dele em Firenze. Ele nasceu em Colônia e foi convidado pra fazer este vitral.

Vitral – Gerard Richter
 Vitral – Gerard Richter

 Outros vitrais – Dom – Colônia
Achei isso um fato extraordinário, e demonstra que um pouco de ar fresco às vezes entra nas igrejas. Também achei curioso este vitral que mostram os signos do Zodíaco, que de católicos não têm nada.


Vitral – Dom – Colônia
Depois, vários dias para explorar a cidade. Muitas coisas lindas. Casinhas antigas (ou que parecem antigas, vai saber, na Alemanha nada é o que parece depois dos bombardeios da 2ª Guerra Mundial). Ruínas de St. Alban e monumento aos mortos na guerra. A casa de baile Gurzenich. O mercado de Heumarket, onde estava tendo uma feira de degustação de vinhos brancos alemães. O Schokoladenmuseum, ou Museu do Chocolate (dispensa comentários). As pontes lindas – Hohenzollernbrucke e Severinsbrucke. O Museu Ludwig de Arte contemporânea (genial). O Museu de Documentação do Nazismo, com uma prisão subterrânea onde eles torturavam os presos políticos (arrepiante). E, claro, a incrível, maravilhosa e delirante Kolsch Bier, a cerveja de Colônia que comi num dos bares mais legais que já fui na vida – Papa Joe's BierSalon, na praça Altermarketplatz, também outra dica que vale ouro – acompanhada de duas salsichas brancas e um pretzel. Prost!

Na beira do Reno - ponte Hohenzollernbrucke ao fundo

Era a final do campeonato de Hockey no gelo - esses eram os torcedores
fanáticos da Finlândia. Eles estavam por toda parte.

Beira do Reno



Esse é o bar incrível -
o piano tocava sozinho que nem nos desenhos do Pica Pau.

Kölsch bier (vou entrar num fã-clube), salsichas e pretzel.. Hmmm.. :-)

Ponte Hohenzollernbrucke e homenagem aos judeus e ciganos
assassinados pelos nazistas
Ponte Hohenzollernbrucke - é tradiçao os apaixonados
colocarem um cadeado na ponte com os seus nomes....


Muita gente se amando


Tudo isso fica de um lado do rio Reno, que foi onde os Romanos colonizaram há 2 mil anos atrás. A outra margem era “bárbara”, dominada pelos povos germânicos e os romanos nunca conseguiram conquistá-la. Atualmente continua sendo bem diferente do outro lado, pois é bem mais moderna, com arranha-céus e centros comerciais. Ali eu subi no maior prédio da cidade (não lembro o nome, mas não tem como errar, é um redondo que está na foto acima), andei de bondinho (ultra-mega-divertido) por cima do rio, fui em um parque enorme que também não lembro o nome. Se tivesse tido mais tempo, tinha ido às Termas Claudius, um banho romano (tem vários na Alemanha) onde as pessoas ficam peladas nas piscinas quentes (uhuuu!).

Me divertindo mooooito no bondinho!

Ah, e não posso deixar de mencionar que fui em um show em Colonia! Fui ver o Paul Weller, ex-vocalista de uma das maiores bandas de rock, The Jam. Foi simplesmente o máximo. A platéia era composta basicamente de alemães de meia-idade, então vocês podem imaginar o nível da pacatice. Eles adoravam as músicas (aplaudiam como se não houvesse amanhã), mas nada fazia os alemães pularem ou mexerem as cadeiras. Eu, claro, não dei a mínima e até consegui animar um pouco a galera da frente. Ele voltou pra 4 bis, e ninguém queria que terminasse. Baixem as músicas.
Colonia, two thumbs up.
Agora, BERLIM. Uau!
Primeira tacada certa: fiz uma Sandemans' Free Tour. É uma visita guiada “grátis” pela cidade, de uma “franquia” de guias que existe em várias cidades da Europa. Não é verdadeiramente grátis porque tu paga no final a gorjeta, mas tu decide quanto paga. Se eu fosse dar o que ele merecia eu teria dado todo meu dinheiro pro meu guia, o Barry, um irlandês muito engraçado que fez a gente sentir mesmo toda a emoção da história de Berlim.

Brandenburg Tor – Portao de Brandenburg, com a estátua que um dia foi da Paz, depois foi renomeada como a deusa da Vitoria, vocês imaginam o porquê.
Berliner Dom


Eu no Memorial aos Judeus Mortos na Europa
Memorial
Lugar onde ficava o Bunker de Hitler, e onde ele se suicidou – hoje e um estacionamento
O guia Barry e a placa explicando o local
Não vou contar aqui todas as histórias que ele contou, quem quiser pode me perguntar depois ou pesquisar na internet a história de Berlim. Mas vcs devem imaginar o que aquela cidade já passou, e por isso é tão fantástica, sombria e colorida ao mesmo tempo.
Praça na frente da Universidade Humboldt, 
onde os nazistas fizeram a queima de livros

Placa: “quando os homens comecam a queimar livros,
logo estarao queimando homens”
Muro de Berlim
O passado nazista está sempre pairando pela Alemanha, e dá um peso aos lugares históricos que não se vê em outros lugares. Fora isso, o Muro. Que loucura toda a história do Muro. Por mais que a gente leia, ou tenha visto na televisão, estar ali ajuda um pouco a ter uma noção melhor do que aconteceu nesse mundo de meu deus. Berlim foi talvez um dos centros dos maiores dramas da humanidade, e está tudo ali vivo. A cidade tenta sempre se reconstruir, em todos os sentidos.

Incrivel foto que está no museu Topografia do Terror 
– um homem que se recusa a fazer a saudação nazista

 Todo turista tem um mapa
A prefeitura “vermelha” e a torre da televisao de Alexanderplatz, onde ficava Berlim Oriental


Alexanderplatz - o centro da ex-Berlim Oriental

 Alexanderplatz

 Eu na fonte em frente a Alexanderplatz
Lucas – subimos na torre da televisao, mas não é lá muito emocionante.
Em frente a Nikolaikirche, o predio mais antigo de Berlim

Nikolaikirche
 Museuminsel – a ilha dos museus
Tomando uma Berliner Weiss – a cerveja com framboesa!


Bierbike – quem nao gostaria de sair com os amigos, andar de bicicleta e tomar um chopp no caneco tirado na hora? Melhor invencao da historia. (OBS: os alemaes realmente sao o povo mais bebum que eu já vi)


 No parque Tiergarten

 Tiergarten – tomando um cafe

Kaiser-wilhelm-gedachtniskirche – a igreja bombardeada, um dos simbolos da destruicao da guerra

Antes
 Depois


Campo de concentracao Sachsenhausen – na entrada esta escrita uma das mentiras nazistas: “o trabalho liberta”


 Prisao dentro do campo de concentracao – tortura em dobro, e morte


Muros e guaritas em Sachsenhausen
A grande maravilha que nós tivemos a oportunidade de ver lá foi o Carnaval das Culturas, que acontece uma vez por ano em Berlim. É basicamente uma parada, com alas de diferentes grupos étnicos, nações, grupos políticos ou artísticos. Uma grande celebração da diferença, o que é muito forte depois de a gente ter visto todo o ódio que a cidade viveu. Foi lindo, eu e o Lucas entramos em êxtase. Chegamos a nos integrar com várias alas, desfilando! Dançamos salsa com os cubanos, musicas africanas com os Angolanos e punk rock com uma ala muito animada. Preciso, apesar de tudo, acrescentar que as alas brasileiras eram as mais animadas, disparado.

 Carnaval das culturas – Equador

Mexico

Mexico

 Protesto contra presos politicos no Mexico

 Brasil! - Maracatu
 Maracatu
 Sapucaiu no Samba
 Mongolia

Ja, nos somos brasileiros!


 Carro do rock and roll pirado

 
Diversidade
 
Felizes!
Mas, como não se muda as coisas assim tão fácil, a gente viu uma coisa muito triste acontecendo. Uns neonazistas arrancaram as faixas de um carro alegórico GLS, pisaram em cima das bandeiras, e depois se dispersaram na multidão. Nós ficamos chocados, quase entramos pra briga. Foi chamada a polícia e tudo mais, não sabemos bem ao certo o que aconteceu. As contradições continuam e foi bom também ter uma noção que nem tudo são flores.
Foram vinte dias de viagem, todos muito intensos e, devo dizer, educativos. Com certeza estou aprendendo muito em todas essas viagens, e principalmente tendo a noção da minha própria ignorância. Acho que essa é a melhor parte de viajar: se dar conta do tamanho do mundo e de que a gente não tem a menor noção de tudo que acontece por aí. Ampliar a visão do umbigo.

Um comentário:

  1. Oi Carol, pelos teus relatos, fiquei com muita vontade de conhecer os três lugares. Berlim e Colônia estavam na minha lista, mas Londres nunca me inspirou muito... mas pelo visto iria gostar bastante também :)
    E para quem não estava muito para fotos, tu até que fez muitas!
    Beijos e bom proveito nesses últimos dias por aí (que só serão os últimos por pouco tempo).

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